Antes de começarmos, gostaria de falar sobre a relação entre o açúcar e câncer, se você já tem uma noção básica sobre isso, pode ir direto para o subtítulo da questão: açúcar alimenta o câncer?
Se você ainda está seguindo nessa a linha para leitura, tentarei ser breve. Basicamente as células são estruturas presentes em todos os seres vivos, humanos, animais, vegetais e micro-organismos. São as células que realizam grande parte das funções metabólicas e para realização de suas atividades precisam de energia.
A fonte de energia celular é o açúcar, porém esse nome é algo genérico que usamos para simplificar o termo “carboidratos”, pensando no ponto de vista químico. Cada tipo de açúcar é composto por hidratos de carbono e suas ligações moleculares determinam se sua absorção será mais lenta ou mais rápida no nosso organismo. Afinal, a fonte de energia das nossas células é o açúcar chamado de glicose. Por isso, todo o tipo de açúcar consumido como: amido, frutose, lactose, galactose, sacarose entre outros será por fim convertido em glicose para utilização como fonte de energia.

Células e câncer
O câncer desenvolve-se a partir do crescimento acelerado de células mutadas geneticamente que apresentam características nocivas e invasoras, com capacidade de se multiplicar rapidamente para desenvolver tecidos tumorais. Então, se tenho uma célula com comportamento que induz mutações genéticas em outras e o açúcar é a principal fonte de energia, ele irá alimentar o câncer em mim?

Afinal, açúcar alimenta o câncer?
Apesar de os carboidratos serem fonte de energia para as células de nosso corpo, sejam elas mutáveis ou não. O consumo desses açúcares não promovem uma piora clínica da doença por si só.
O consumo normal de açúcar não acelera a resposta da doença nem sua eliminação da dieta promove cura.
Os carboidratos são nutrientes importantes. No entanto, devem ser inclusos numa dieta balanceada junto a hábitos saudáveis. Dependendo do grau e avanço da doença, as nossas necessidades energéticas são maiores. Sendo assim, uma restrição de carboidratos no geral pode ser prejudicial ao tratamento pelo maior risco de desnutrição.
Por outro lado, pensando na prevenção, o consumo excessivo de açúcar ao longo da vida está associado a doenças e agravos crônicos não transmissíveis como Diabetes tipo 2, sobrepeso e obesidade. Dessa forma, essas condições vêm sendo associadas a aumentos alarmantes de casos ao longo dos anos. Isso pode ter relação aos hábitos que vem sendo comprometidos devido ao estilo de vida moderno.
Prevenção
Assim, trabalhar para manter um estilo de vida saudável com uma alimentação equilibrada, exercícios físicos e autocuidado podem ser fatores protetores contra câncer e doenças cardiovasculares.
Segundo a OMS, a recomendação diária de carboidratos da dieta é de 50% a 60% do valor calórico total. Nesse percentual, as principais fontes são (cereais, massas, pães, tubérculos “batatas, mandioca, beterraba, mandioquinha”). Entretanto, os açúcares de adição devem ser evitados, pois a maioria dos alimentos já contém açúcar naturalmente. Ainda, sim, açúcar de adição ou de mesa, doces, mel, produtos industrializados contendo açúcar devem ser limitadas a no máximo 10% do valor calórico total da diet
Portanto, a ingestão de açúcar em pequenas quantidades, como parte de uma dieta saudável, não promove o câncer. Incluir cereais integrais, verduras e sementes como a linhaça, por exemplo, podem auxiliar no controle glicêmico. Devido a maior quantidade de fibras que associadas a uma hidratação adequada favorecem o funcionamento intestinal, melhor controle glicêmico e de colesterol. Além disso, pode favorecer o equilíbrio da microbiota intestinal.
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Especializada em Nutrição Clínica Centro Universitário São Camilo e Nutrição em Saúde Cardiovascular pelo Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese
CRN3 55310
Escrito por: Nutricionista Karina Fernanda Genier Murari Fernandes
Coordenadora de Nutrição Instituto Brasil Mais Social
Referência: Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Dieta, nutrição, atividade física e câncer: uma perspectiva global: um resumo do terceiro relatório de especialistas com uma perspectiva brasileira. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2020. 140 p.
Anelena Soccal Seyffarth. Os alimentos: calorias, macronutrientes e micronutrientes In: Manual do Profissional. Conselho regional de nutricionistas da 5ª região. Salvador, 2013.