O dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e assim, o Brasil passou a utilizar o mês de setembro como conscientização da pauta. E por isso, vamos explicar como a alimentação pode ser importante para a saúde mental do paciente oncológico.
O suicídio é algo complexo e multifatorial e suas causas podem ser associadas à saúde mental e transtornos psíquicos de ansiedade, humor e personalidade, como a depressão, borderline, bipolaridade, abuso de drogas, entre outros. Além disso, fatores como bullying, dificuldades financeiras, perdas afetivas, problemas no trabalho, existência de doenças crônicas ou terminais e conflitos familiares também podem dar origem ao comportamento suicida.
Saúde Mental e Alimentação do Paciente Oncológico
Apesar de poucos estudos no Brasil investigarem a ideação suicida em pacientes oncológicos, eles possuem risco aumentado de suicídio em comparação à população em geral. Um estudo brasileiro de 2018 apontou que a prevalência de ideação suicida em pacientes oncológicos foi de 12,5%, sendo maior em casos de recidivas do câncer, transtornos psíquicos prévios e ideação suicida prévia ao diagnóstico.
Os transtornos alimentares também podem ser fatores de risco para a ideação suicida. Em casos de anorexia nervosa ou bulimia por exemplo, o paciente oncológico pode não responder corretamente ao tratamento devido às alterações metabólicas e nutricionais provocadas por atividades purgativas como indução de vômito, recusa alimentar ou uso descontrolado de laxantes e diuréticos.
A responsabilidade profissional sobre a comunicação da doença deve ser uma preocupação de toda a equipe multiprofissional, pois a mudança provocada pelo novo estado de saúde exige uma assimilação do paciente que se mal orientado pode não responder corretamente ao tratamento, como acontece com orientações nutricionais restritivas, proibições alimentares sem fundamentos, metas de controle de peso desnecessárias e orientações que não promovem a autoconscientização e autonomia do paciente. Vale lembrar que, de acordo com a legislação federal, somente nutricionistas devem realizar assistência e educação nutricional a coletividades ou indivíduos, bem como prescrever dietas.
A falta de convívio social provocada pela agenda do tratamento, a menor disponibilidade de convivência com amigos e familiares, visto que algumas pessoas podem não saber lidar com a doença e procuram o afastamento, e a não participação de refeições em família ou entre amigos contribuem para um maior isolamento e possíveis quadros de depressão.
Como enfrentar pensamentos suicidas?
Deixamos algumas dicas para apoio no enfrentamento da ideação do suicídio:
- Procure ajuda: converse com a equipe de profissionais de saúde e solicite o acompanhamento de um psicólogo, mesmo que não tenha diagnóstico prévio de transtornos psíquicos;
- Seja protagonista do seu tratamento: questione as informações passadas de forma respeitosa para entender as condutas e a necessidade de sua colaboração no tratamento;
- Realize as refeições com amigos e familiares: aproveite esse momento para fortalecer os laços;
- Converse com o nutricionista: sobre alimentos afetivos e suas preferências alimentares;
- Busque ajuda especializada: se você já possui histórico de transtornos alimentares;
- Realize novas descobertas: como por exemplo cozinhar novos pratos, conhecer novos alimentos, frequentar restaurantes, criar hobbys com a alimentação que possam trazer momentos de prazer;
- Contate o Centro de Valorização da Vida (CVV): se você ainda não consegue falar com pessoas próximas ou profissionais de saúde. CVV – Disque 188.
Se você está enfrentando o câncer e deseja receber aconselhamento nutricional ou saber mais sobre alimentação, entre em contato com o Instituto Brasil Mais Social. Participe do nosso projeto Driblando o Câncer e solicite atendimento com nutricionista.
Escrito por Nutricionista Karina Fernanda Genier Murari Fernandes | CRN3 55310. Especializada em nutrição clínica e nutrição em saúde cardiovascular pelo Instituto de cardiologia Dante Pazzanese e Coordenadora de Nutrição Instituto Brasil Mais Social.
Fonte: Apsiquiatra, CFN, Setembro Amarelo, SILVA, Bruna Matias da; BENINCA, Ciomara. Ideação suicida em pacientes oncológicos. Rev. SBPH, Rio de Janeiro , v. 21, n. 1, p. 218-231, jun. 2018 .