O acesso ao ensino segundo o Censo da Educação Superior
O acesso ao ensino superior é um assunto sério que precisa ser discutido. Para entender melhor sobre esse tema, o Censo da Educação Superior, conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), coleta informações sobre as instituições de ensino superior, seus cursos, alunos e professores. O estudo ocorre anualmente e fornece dados essenciais para o planejamento e a gestão do ensino superior no Brasil.
Os dados são utilizados tanto pelo governo federal quanto pelos estados e municípios, assim como pelas instituições de ensino superior e pela sociedade civil, afim de tomar decisões relacionadas a financiamento, oferta de vagas, qualidade do ensino e acesso à educação superior.
O censo da educação superior e o acesso ao ensino superior
De acordo com o Censo da Educação Superior de 2021, naquele ano foi registrado o menor número dos últimos dez anos. No entanto, em 2022, houve uma mudança nessa tendência e observou-se um aumento no número de estudantes ingressantes em cursos presenciais, totalizando mais de 1,6 milhão alunos. Ou seja, o acesso ao ensino superior no Brasil melhorou.
Apesar disso, ainda é preciso superar inúmeras desigualdades significativas para que todos tenham a oportunidade de ingressar nesse nível educacional. São fatores relacionados principalmente a aspectos socioeconômicos, educacionais e regionais. Só para exemplificar, as pessoas de famílias com renda mais elevada têm uma probabilidade maior de conseguir entrar no ensino superior, quando comparadas com aquelas que pertencem a famílias de menor renda.
Isso acontece porque as famílias que possuem recursos financeiros podem cobrir os gastos relacionados à educação superior, tais como mensalidade, transporte e alimentação. Em 2022, 61% dos estudantes de famílias com renda familiar per capita maior que dez mil reais tinham matrícula no ensino superior. Já entre os estudantes de famílias com renda familiar per capita inferior a mil reais, esse percentual era de apenas 14%.
Desigualdades dificultam o acesso ao ensino superior
Os estudantes com melhor desempenho escolar têm mais chances de acesso à universidade do que os indivíduos com desempenho escolar mais baixo. Em outras palavras, os alunos com maior rendimento educacional estão mais bem preparados para os processos seletivos, geralmente baseados em provas de conhecimentos gerais e específicos. Além disso, a participação em atividades extracurriculares, como cursos preparatórios para o vestibular, também pode aumentar as chances de ingresso.
A Região Sudeste concentra a maior parte das instituições de ensino superior do país, especialmente as universidades públicas. Por consequência, os estudantes dessa área são os que têm mais chances de integrar o ensino superior. Aliás, a qualidade da educação básica do Sudeste é, em geral, mais alta do que nas demais regiões. Para se ter uma ideia, a Região Sudeste tem o maior número das matrículas no ensino superior, com 40% do total. Por sua vez, as Regiões Norte e Nordeste concentram apenas 12% e 11% do total, respectivamente.
O que fazer para mudar esse quadro?
Para ampliar o acesso ao ensino superior e reduzir essas desigualdades, é preciso investir em políticas públicas que incluam medidas para aumentar a oferta de vagas, principalmente em instituições da rede pública. Além disso, a expansão do ensino superior privado também pode ser uma possibilidade. Incentivos fiscais ou financeiros para as instituições particulares de ensino superior podem ajudar no aumento do número de vagas.
Ao aumentar o número de vagas, o governo torna o ensino superior mais acessível a todos, independentemente da sua condição socioeconômica. É preciso também garantir a distribuição equitativa dessas vagas, para que todos os grupos sociais tenham oportunidades iguais de acesso ao ensino superior.
A Educação básica é um dos caminhos para o acesso à universidade
Da mesma forma, é necessário dar atenção à qualidade da educação básica e apoiar estudantes de baixa renda tanto no processo de entrada quanto de permanência no ensino superior. Ao fazer isso, os estudantes terão melhor preparo para o processo seletivo do ensino superior, disputando vagas em pé de igualdade com os demais concorrentes. Por outro lado, estimular a formação no ensino médio também é um passo importante para atingir esses objetivos.
Orientação Vocacional aos alunos
Somado a isso, diminuir a evasão escolar e garantir um ensino público de qualidade permite que os jovens tenham a possibilidade de construir um futuro com mais oportunidades por meio de uma carreira. Até porque orientar o avanço nos estudos é uma medida crucial a ser adotada pela gestão escolar. Afinal, os jovens precisam de suporte e esclarecimento sobre as carreiras e os caminhos para ingressar nas universidades, mostrando a importância da orientação vocacional nas escolas.
O governo federal pode oferecer programas de mentoria e orientação para os estudantes de baixa renda, para ajudá-los a se prepararem para o processo seletivo e a se adaptarem à vida acadêmica. O apoio financeiro aos estudantes de baixa renda também se mostra uma medida relevante para reduzir as desigualdades no acesso ao ensino superior.
A educação é a base para construirmos um mundo melhor. O Instituto Brasil Mais Social atua em diversas ações para levar informação acessível e de qualidade para todos. Leia nosso boletim!
Escrito por João Marcos
Revisado por Michelle Morikawa