comunidades carentes

Ao longo da nossa história, o empreendedorismo sempre esteve presente no crescimento da sociedade. O termo empreendedorismo surgiu em 1725. De acordo com Schumpeter, empreender é inovar a ponto de criar condições para uma transformação radical, seja de um determinado setor, ramo de atividade ou território, onde o empreendedor atua.

Entretanto, segundo Fillion (1999), no século XII, o termo empreendedor referia a pessoa que incentivava brigas. Já no século XVII, na era econômica, o empreendedor era a pessoa que assumia a responsabilidade e comandava uma operação militar. Contudo, no século XVIII, o empreendedor era uma pessoa que criava e conduzia empreendimentos.

Nesse meio tempo, o empreendedorismo evoluiu. Contudo, empreender não é somente ter o próprio negócio. Novas formas de empreendedorismo surgem, como o intraempreendedorismo, ou seja, o indivíduo empreende na empresa onde trabalha. Outra possibilidade é poder transformar a realidade onde mora, através do empreendedorismo social.

O Empreendedorismo social, vem crescendo nos últimos anos. Em 20 anos, impactou 622 milhões de pessoas no mundo. Neste post, explicaremos o que é, a sua importância e muito mais!

Os tópicos abordados neste conteúdo são:

  1. O que é o empreendedorismo social?
  2. Quais as diferenças entre o empreendedorismo empresarial e o empreendedorismo social?
  3. O que é ser empreendedor social?
  4. Quais as características de um empreendedor social?
  5. A importância do empreendedorismo social para o desenvolvimento de comunidades carentes?
  6. Exemplos de empreendedorismo social
  7. Diferenças entre Ongs, Empreendedorismo Social e Assistência Social
  8. Conclusão

Vamos em frente, boa leitura!

O que é o Empreendedorismo Social?

Na sociedade em que vivemos, presenciamos diversas desigualdades no dia a dia. Sejam elas,moradia, acesso à educação, esgoto, água tratada entre outros direitos básicos e essenciais que não estão acessíveis para todos.

Dessa forma, o papel dos empreendedores sociais é fundamental, diante da ausência e do baixo investimento do poder público.

O Empreendedorismo Social possui como objetivo, melhorar o lugar onde moramos, através do combate da pobreza e a diminuição das desigualdades

Conforme Dancin e Matear (2010), os empreendimentos sociais adotam princípios empresariais para resolver os problemas sociais.

De acordo com Dees (2001) e Parente et al. (2011), o empreendedorismo social surgiu devido aos erros tanto do governo como das organizações em solucionar as desigualdades como a fome, o desemprego, o preconceito, entre outras desigualdades. Por isso, a importância dos empreendedores sociais de trazerem soluções inovadoras e eficientes para resolver esses problemas.

Formas de empreendimentos sociais

Existem 3 formas de empreendimentos sociais, segundo VERGA e SILVA (2014):

Empreendedorismo com impacto social: O empreendedor proporciona impacto social onde atua, mas também visa o lucro para o seu favorecimento;

Negócio Social: São empresas auto sustentáveis financeiramente, que possuem como objetivo resolver um problema social. O Lucro gerado, é totalmente reinvestido na empresa

Empreendedorismo Social Assistencial: não possuem como objetivo gerar lucro. Seu único objetivo é proporcionar impactos sociais ou ambientais. Embora, as ações não possam ser concebidas sem a participação de pessoas ou organizações da sociedade. Assim, as pessoas prestam os serviços de forma voluntária.

Atualmente, a responsabilidade social, está cada vez mais presente nas pautas dos negócios. Com isso, organizações estão revendo as suas atitudes e os seus impactos na sociedade e no meio ambiente

A Responsabilidade Social diferencia o Empreendedorismo Social porque as empresas além de gerar lucro para o proprietário, também proporciona impactos positivos na sociedade de acordo com a missão.

Dessa forma, as empresas adotam ações que impactem positivamente na sociedade onde está inserida, proporcionando melhorias na qualidade de vida das pessoas.

Quais as diferenças entre o empreendedorismo empresarial e o empreendedorismo social?

Embora o empreendedorismo social adote práticas organizacionais para a realização das suas atividades, apresenta muitas diferenças em relação ao empreendedorismo empresarial.

Conforme Melo Neto e Froes (2002), o empreendedorismo empresarial possui como objetivo a produção de bens e serviços que atendam as necessidades dos clientes, com intuito de gerar lucro. Então todo o lucro gerado, é destinado ao proprietário como também reinvestido no negócio.

Um dos principais indicadores de crescimento do negócio é o lucro. O negócio possui foco no mercado. Em outras palavras, as empresas acompanham as tendências do mercado e de seus clientes, de modo a maximizar o lucro.

No entanto, a criação e a gestão do negócio ocorre na maioria das vezes, de forma individual.

Por outro lado, no empreendedorismo social, suas ações e os bens e serviços produzidos, geram impacto positivo tanto localmente como globalmente.

Com o propósito de resolver os problemas da sociedade, busca resgatar as pessoas do risco social, promovendo inclusão social e igualdade.

A gestão é realizada coletivamente e o principal indicador de desempenho do empreendimento é a transformação social.

O que é ser empreendedor social?

De acordo com Schumpeter (1985), o Empreendedor busca inovar a ponto de criar uma mudança radical no ambiente onde está inserido. Essa mudança acontece através da abertura de um novo mercado, introdução de um novo meio de produção, conquistas de matérias -primas e bens ou a constituição ou fragmentação de um monopólio.

Nesse sentido, conforme Dees (2001), o empreendedorismo social possui algumas características como: criar e manter um valor social, propor novas oportunidades em prol dessa missão, estar a frente do processo de inovação, aprendizagem e adaptação; trabalhar com ousadia mesmo diante das limitações e desafios e responsabilidade pelos resultados.

Segundo SILVA e SILVA e TAJRA (2019), os empreendedores sociais são indivíduos que promovem o desenvolvimento e o crescimento de um empreendimento social, educacional ou lazer para o bem da sociedade.

Em resumo, eles priorizam o impacto social e buscam cada vez mais alcançar mais pessoas. Conforme Rao (2002), os empreendedores sociais utilizam suas experiências empresariais e organizacionais mais para ajudar as pessoas do que para obter lucro.

Quais as características de um empreendedor social?

Os empreendedores sociais apresentam cinco competências importantes de acordo com Baron e Shane (2007):

Percepção Social: Compreender o próximo, e no ambiente saber identificar quem está agindo de maneira honesta;

Expressividade: A capacidade do empreendedor de liderar e expressar seus sentimentos gerando entusiasmo e motivando a equipe;

Administração de imagem: Capacidade de influenciar pessoas e causar uma boa impressão;

Persuasão e influência: Habilidade para convencer pessoas;

Adaptabilidade Social: Sentir -se confortável em diversos ambientes

Além disso, Oliveira (2004), traz alguns conhecimentos e atitudes que os empreendedores sociais possuem:

Conhecimentos: aproveitar as oportunidades, possuir conhecimento gerencial, ser responsável e resolver os problemas sociais através de soluções empresariais.

Habilidades: ter visão, iniciativa, trabalhar em equipe, ser atento aos detalhes, ágil, capacidade de negociação, ser criativo, habilidoso, inovador, focado, crítico e flexível.

O Empreendedor social, a todo momento, busca solucionar as desigualdades sociais, porque ele sabe a diferença que pode fazer na vida das pessoas. Seu comprometimento, determinação e paixão pelo trabalho social é estímulo diante das dificuldades e desafios.

A importância do empreendedorismo social para o desenvolvimento de comunidades carentes?

Conforme o relatório da Fundação Schwab, o empreendedorismo social, impactou 622 milhões de pessoas ao redor do mundo

Os 10 países com mais projetos sociais foram: Brasil, Etiópia, Índia, Quênia, México, Nigéria, Estados Unidos, Tanzânia, Uganda e África do Sul

Entretanto, os projetos sociais realizados no Brasil, estão distribuídos de forma desigual.

De acordo com o Mapa de Negócios de Impacto, divulgado em 2021, pela Pipe Social, a Região Sudeste concentra mais de 58% dos empreendimentos sociais.

Em contrapartida, as regiões do Norte e Centro – Oeste concentram apenas 10% dos empreendimentos, com 5% cada.

Na região sudeste, o estado de São Paulo concentra 40% dos empreendimentos sociais. E dentre tantas organizações, uma delas é o Instituto Brasil Mais Social.

O Instituto começou em 2019, e possui como objetivo, promover ações sociais nas áreas da educação, saúde, cultura e sustentabilidade. A sua atuação é defender as minorias, especialmente as mulheres, idosos e crianças.

Além disso, oferecem projetos e ações para as parcelas mais pobres da sociedade.

Os seus projetos, Driblando a Fome e Driblando o Câncer possuem atuação nos 4 cantos do Brasil.

O projeto Driblando a Fome, possui como propósito ajudar as famílias que perderam seus empregos na pandemia e vivem em situação de vulnerabilidade social. A abrangência do projeto é a capital de São Paulo. O projeto também conta com ações na imprensa e nas redes sociais.

As atividades acontecem durante o ano todo. Entre as ações realizadas estão: a distribuição de marmitas,a entrega de roupas e agasalhos, cestas básicas e campanhas de arrecadação.

Em 2021, mais de 10 mil pessoas foram atendidas e 1 milhão de pessoas tiveram acesso à informação pelos canais digitais.

No Brasil,mais de 33 milhões de brasileiros estão passando fome. Por isso, a importância do empreendedorismo social, para combater essas desigualdades e por meio das ações e projetos para chegarem a lugares e pessoas, onde o Estado não está presente.

Leia mais: Os impactos da fome na sociedade brasileira

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

A fim de acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e promover um ambiente de paz e prosperidade, a Organização das Nações Unidas, estabeleceu 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável (ODS), para serem alcançados até 2030

De acordo com o mapeamento da Pipe Social, cerca de 13% dos empreendimentos sociais brasileiros possuem como objetivo a fome zero e a agricultura sustentável. Para 34 % dos empreendedores, a redução das desigualdades. E por fim, para 39% o objetivo de consumo e produção responsáveis.

Nos últimos 20 anos, o empreendedorismo social distribuiu R$ 6,7 bilhões em produtos e serviços. O relatório da Fundação Schwab foi divulgado em 2020 e trouxe uma análise do trabalho realizado por grupos ligados à Fundação em 190 países.

Geração de Emprego e Renda

Os empreendedores sociais são fundamentais para o combate das desigualdades como também no desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da comunidade, por meio da criação de emprego e geração de renda.

Nesse sentido, a ONG Rede Asta, fundada em 2007, é uma organização de sociedade civil que transforma e promove a inclusão de mulheres de baixa renda e grupos comunitários de negócios sustentáveis São mais de 700 artesãos e 800 revendedoras de produtos de fibra de bananeira e bambu.

Durante esse tempo, 5 mil mulheres foram impactadas e R$ 20 milhões em renda foi gerada. Um dos programas, a Escola de Negócios, possui como objetivo transformar as atividades de mulheres artesãs em um negócio viável.

Aliás, mais de 2 mil mulheres frequentam a Escola de Negócios

Além disso, a ONG criou os projetos Máscara+Renda, que uniu empresas parceiras e costureiras para a produção de máscaras neste período de pandemia do COVID -19. Ao todo, foram 3 mil costureiras de todo o Brasil e 11 milhões de reais de renda. Dessa forma, toda produção foi doada para 800 ONGS mapeadas.

Foram produzidas mais de 8 milhões de máscaras!

Muitas mulheres em vulnerabilidade social, não possuem condições de comprar absorventes. Com o propósito de democratizar o acesso ao absorvente, a Rede Asta criou o programa Mulheres + Renda.

Assim, em parceria com a empresa de saneamento BRK, 60 costureiras foram selecionadas e receberam uma renda mensal de R$ 1960,00, cada uma, para produzirem absorventes, para serem distribuídos em escolas públicas.

Foram 33,600 absorventes produzidos e distribuídos para 8400 estudantes

Além de proporcionar impacto social, o empreendedorismo gera renda e dignidade para diversas famílias

Mais exemplos de empreendedorismo social

Um dos grandes exemplos de empreendedorismo social é o do vencedor do Nobel da Paz, Muhammad Yunus. Em 1976, Muhammad criou o Grameen Bank, cujo objetivo era conceder empréstimos de pequenos valores, sem exigir comprovação de renda ou garantias. Sua iniciativa era contrária, ao que vemos os bancos tradicionais adotarem.

Assim, em 1983, o Grameen Bank se tornou um banco oficial, oferecendo empréstimos para os mais pobres, em especial às mulheres que vivem na zona rural de Bangladesh, na Ásia. A sua iniciativa se disseminou em diversos países.

Além disso, Yunus criou outras 50 empresas de impacto social!

Empreendimentos Sociais no Brasil

Educação

No Brasil, possuímos alguns exemplos de empreendedorismo social como:

Grupo Primavera: Fundado em 1981, o Grupo Primavera é uma organização da sociedade civil, que oferece na cidade de Campinas, curso complementar para meninas de 8 a 18 anos. Como receita, vendem produtos artesanais exclusivos.

Comitê para Democratização da Informática (CPDI): É uma organização de sociedade civil, localizada em Florianópolis. Fundado em 2001, o Comitê para a Democratização da Informática, promove inclusão e empoderamento digital, através de instrumentos de tecnologia de informação e comunicação

Mundo Gentileza: Organização da Sociedade Civil, fundada em 2020, em São Paulo. Possui como objetivo oferecer oportunidades através da educação como os cursos de preparação para o Enem, curso de Inglês e Educação Financeira de forma online e gratuita, para pessoas em vulnerabilidade social.

Jovens Hackers: Negócio de impacto social, que iniciou em 2017, com objetivo de ensinar programação, robótica e cultura maker para crianças e adolescentes das periferias

Saúde, bem – estar e o combate à pobreza

Associação Saúde da Criança: Fundada em 1991, a Associação Saúde da Criança é uma organização da sociedade civil, possui como objetivo promover o bem – estar biopsicossocial de crianças e suas famílias que vivem em situação de pobreza.

Com atuação própria, o Plano de Ação Familiar (PAF) atende em 5 áreas como: saúde, profissionalização, moradia, educação e cidadania

Banco Palmas: Fundado em Fortaleza, em 1998, pela Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira, o banco comunitário oferece microcrédito para população e empreendedores a juros baixos e sem a exigência de fiadores

Carreata da Saúde: Fundada em 2004, em São Paulo, essa organização da sociedade civil de interesse público, promove em parcerias com governos locais e a iniciativa privada, exames médicos para a população de baixa renda , através de carreatas.

Gerando Falcões: Organização não governamental, fundada em 2011, que possui como missão, promover o desenvolvimento social e acelerar a formação de líderes nas favelas de todo o Brasil. Dessa forma, geram impacto social e atuam no combate da pobreza. Mais de 6000 favelas foram impactadas em 26 estados brasileiros.

Diferenças entre Ongs, Empreendedorismo Social e Assistência Social

Apesar de as Ongs possuírem como missão combater as desigualdades sociais, muitos confundem com assistência social ou terceiro setor.

De acordo com o Ministério da Cidadania, a assistência social é uma política pública é um direito de todo cidadão que precisar. O Sistema Único de Assistência Social (Suas) realiza a gestão dessa política pública presente em todo Brasil.

Como objetivo, é proteger as famílias e comunidades diante dos desafios e desigualdades sociais, através dos programas, serviços, benefícios e projetos.

Enquanto a assistência social faz parte do Estado. O Terceiro Setor são pessoas jurídicas de direito privado que exercem suas atividades, mas não possuem como objetivo principal o lucro e sim, o impacto social gerado.

Há quatro tipos de pessoas jurídicas: cooperativas, organizações religiosas, associações, fundações e as organizações de sociedade civil (OSC)

Cooperativas e organizações religiosas: Proporcionam impacto social para um público bem amplo. Exemplo: projetos de economia solidária

Associações: conjunto de pessoas que se unem, em prol de um objetivo comum, como melhorar o local onde residem. Exemplo: Associação de Moradores;

Fundações: Além da união das pessoas, para a criação e a existência da fundação, é importante um patrimônio para execução do projeto. Além disso, devem ser instituídas conforme os objetivos que constam na lei: educação, cultura e entre outros.

Organização da Sociedade Civil (OSC): De acordo com o IPEA (2018), as Organizações da Sociedade Civil são entidades autônomas, legais e constituídas por livre interesse e associação de pessoas. Também não possuem fins lucrativos.

Conclusão

Com este artigo, você está bem informado sobre a importância do empreendedorismo social e a sua atuação no combate às desigualdades.

O lucro não é o objetivo maior, mas sim, uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

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Confira outros artigos no blog do Instituto Brasil Mais Social!

Escrito por Adilson Junior

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