Pobreza menstrual

Pobreza menstrual: quais são os impactos na vida de pessoas que menstruam?

Falta de informação e de outros direitos básicos são fatores agravantes da pobreza menstrual no Brasil

A pobreza menstrual é um dos problemas que muitas pessoas enfrentam por todo Brasil, mas principalmente nas regiões mais pobres do país. Pois, quando não se tem dinheiro nem para comprar comida, artigos de higiene se tornam um luxo que as famílias não podem bancar. 

Não pensamos que a falta de alguns itens do nosso dia a dia, como por exemplo água encanada, produtos de higiene básicos, dificultam a inclusão das minorias vulneráveis nos ambientes públicos. 

Por isso, quando falamos sobre dignidade menstrual, não estamos somente discutindo um problema de saúde. Mas também uma questão de desigualdade entre gêneros e de classe. 

Quer entender mais sobre como a pobreza menstrual afeta diretamente a vida de pessoas e jovens que menstruam? Então continue lendo este artigo! 

O que é pobreza menstrual?

Segundo o site da UNICEF Brasil, podemos definir a pobreza menstrual como a falta de informação, recursos e infraestrutura para cuidados com relação à menstruação. 

Isto é, além da falta de produtos como absorventes, as pessoas também não possuem acesso à saneamento básico e informações sobre os principais cuidados com a região íntima. Também a falta de informação faz com que os cuidados necessários com a região íntima não sejam feitos. 

Um relatório apresentado pelo mesmo órgão chamado “Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdade e Violações de Direitos”, mostrou dados alarmantes sobre a falta de dignidade menstrual no país.  

  • Mais de 700 mil jovens não têm acesso a banheiro e chuveiro em casa; 
  • 4 milhões não não possuem acesso a itens básicos de higiene menstrual nas escolas; 
  • 4 milhões de jovens mulheres sofrem com algum tipo de privação de higiene na escola, como por exemplo, falta de absorventes, sabonete etc;
  • Cerca de 200 mil estudantes não possuem condições de cuidar da sua menstruação na escola. 

Falta de dignidade menstrual para mulheres encarceradas 

Além da pobreza nas escolas, não podemos deixar de mencionar as milhares de mulheres que estão em prisões por todo Brasil. Apesar de terem sido condenadas a perder sua liberdade (seja qual for o crime que cometeram), elas não foram destituídas de seus direitos humanos. 

Antigamente, as reclusas recebiam o mesmo tipo de kit de higiene que os homens (apenas um rolo de papel higiênico e sem absorventes). Muitas delas usavam papel, jornal, pedaços de pão para impedir o vazamento e poder seguir com as atividades do dia.

Essa falta de dignidade para as mulheres que estão encarceradas, dificulta a reintegração delas na sociedade, que aliás é o principal objetivo da reclusão. Uma vez que isso afeta a sua auto-estima e impossibilita a realização de tarefas durante a semana em que ela está menstruada. 

Principais impactos da pobreza menstrual

Ainda que alguns impactos da pobreza menstrual pareçam evidentes, esse problema social pode causar danos profundos na vida das pessoas que menstruam. 

Problemas de saúde física:

Primeiramente, precisamos falar sobre a saúde física, que talvez seja a primeira a ser afetada em curto prazo. Quando não há higiene básica da região íntima, ocorrem diversos problemas como:

  • o desenvolvimento de bactérias, que podem levar a Síndrome do Choque Tóxico, condição grave que pode levar a morte;
  • alergias; 
  • irritações nas mucosas; 
  • infecções. 

Problemas de saúde mental 

Além disso, temos os problemas psicológicos. Muitas pessoas menstruam muito novas e por conta do tabu que ainda existe sobre o assunto menstruação, elas acabam se isolando do grupo. 

A falta de diálogo e o constrangimento de estar menstruada, pode levar as pessoas a desenvolver problemas com a auto-estima. Nesse período da vida, uma pessoa está passando por uma fase de descobrimento e desenvolvimento. Por isso, a socialização e a sensação de pertencimento são fundamentais para melhorar a saúde mental dos adolescentes. 

Problemas sociais 

A pobreza menstrual também causa grandes impactos sociais, já que ela impede o desenvolvimento dessas pessoas. 

Uma pesquisa feita com 1,7 mil jovens que menstruam, revelou que 62% deles já faltaram da escola, ou outro lugar, porque menstruaram. Ainda, 73% disseram sentir constrangimento nos ambientes.  

Elas ainda sofrem com o desconforto causado pelo medo do vazamento, pelo uso de métodos improvisados, e ainda não se sentem à vontade para participar das atividades sociais. 

Se temos crianças que não vão à escola por conta de uma coisa que é natural e não podem controlar, elas não terão chances de crescer e sair da situação em que se encontram. 

Apesar de não existirem leis que impeçam essas pessoas de irem à escola quando estão menstruadas, não existem incentivos para que elas permaneçam também. A falta de dignidade e informação, impede que futuros professores, cientistas, músicos, médicos se desenvolvam. 

Temos diversas leis que estão surgindo por todo Brasil para criar uma situação digna e que garanta o acesso à higiene básica. Esperamos que elas tomem força e saiam do papel. 

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